Do Netscape ao Twitter, Parte 2

6 abril 2009

Parte 2 de 3, iniciado Semana Passada!

Confesso, não tenho dados que confirmem essa ideia que vou dar agora. Mas eu acho que o ICQ dominou o mercado de Instant Messengers em sua época áurea. Pronto, falei.

Fui procurar sobre fatias de mercado ocupadas pelos Mensageiros mais usados – Aol Instant Messenger, Yahoo e MSN – e descobri que a AOL comprou o ICQ. E também que o AIM domina bastante nos EUA, mas falha no restante do mundo.

Como começou essa guerra?

Em Novembro de 1996 surgia o ICQ, como o primeiro grande programa de mensagens instantâneas. Como praticamente não havia concorrência de programas neste estilo, sua base de usuários cresceu de maneira veloz.

Seis meses depois, a gigante da internet americana America On Line lançou seu programa AOL Instant Messenger, ou AIM. Já ouviu falar que no amor e na guerra vale tudo? Muita gente culpa a Microsoft por fazer práticas de mercado desleais, mas no âmbito da internet, a AOL veio bem antes.

Não é ilegal, devo dizer. É simplesmente desleal. Mas quem disse que o mundo é justo? Como a America On Line era a maior provedora de internet dos EUA, o apoio institucional ao seu Instant Messenger era agressivo. Quando alguém assinava internet, recebia um CD em sua casa com um Kit Aol, em que vinha o AIM, dentre outras ferramentas.

Déjà vu, alguém? Essa prática inflou a presença do Aol Instant Messenger nos Estados Unidos de tal maneira que ele até hoje é o mensageiro mais popular por lá. É interessante apontar que o pensamento das empresas americanas valoriza muito mais o mercado interno do que o externo. Dessa maneira, o AOL massacrava o ICQ dentro de casa, mas perdia pra ele no resto do mundo.

O ICQ era um fenômeno global, e era simplesmente o melhor Instant Messenger. Ele tinha funções de recebimento de arquivo que o Windows Live Messenger não sonha em ter. Você podia enviar pastas inteiras, de uma só vez, sendo que o ICQ enviava arquivo por arquivo. O Windows Live Messenger entulha nossa tela de chat quando tentamos em vão enviar vários arquivos.

Em 1998, a Yahoo! lançou seu serviço mensageiro. Não foi uma ameaça direta ao mercado interno dos EUA, pois a AOL continuou dominando, e tampouco foi ameaça à hegemonia do ICQ – afinal, pra que você instalaria outro programa, sendo que todos os seus amigos usam o ICQ?

O derradeiro golpe no coração do ICQ veio com o lançamento do Windows XP. A AOL já tinha demonstrado o poder da venda casada, ao vender acesso à internet e enviar gratuitamente seu mensageiro. O problema de grandes empresas fazerem práticas agressivas é que as outras aprendem. E a Microsoft aprendeu.

Lançaram o Windows XP, e o que vinha com o Windows XP, Lombardi?? O maravilhoso Windows Messenger, um software que parecia ter sido programado às pressas por programadores preguiçosos. Em relação à beleza e funcionalidade dos outros, o Windows Messenger era a feiúra em pessoa. E ainda tinha diversos bugs. Mas qual foi o Grande Truque?

Facilidade Preguiça. Voltando à pergunta do Yahoo!, pra quê diabos eu vou baixar e instalar um outro programa? Ué, mas o Windows Messenger é o novato na parada! Só que ele vem com o Windows XP. Quando você formata seu computador, ele já está lá. E isso que impulsionou centenas de milhares de usuários que mal sabiam instalar um programa a entrar em contato com outras pessoas.

Veja bem, a Microsoft já fazia isso com o Internet Explorer, que anteriormente destruiu o navegador Netscape. Ela faria isso de novo, destruindo o ICQ. É uma linha de pensamento quase tão simples quanto a do Google. “Aparece um serviço legal, todos adoram, chegam a 200 mil usuários? O Google compra” (by Rodrigo Vieira). A linha da Microsoft é: serviço legal, muitos usuários, útil? Vamos copiar e colocar no nosso Windows!

Dá mais trabalho mas, como pudemos ver, funciona que é uma beleza.

Na semana que vem, blogs, redes sociais, e o fenômeno do Microblogging. Twi-o-quê???