Olá a todos.
Hoje o assunto é um pouco mais sério. Mas entre Honduras e o diploma, eu escolhi o último.
Tem uma coisa que fiquei pensando ontem. O ministro disse que a “obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão de jornalista fere à liberdade de expressão”. Beleza. Só que o jornalismo é a única forma de expressão?
Será que ele tem carteira de músico?
Eu também sou músico, ainda não-remunerado, mas me atuo com seriedade e profissionalismo nas bandas que participo. Outro dia fui a uma reunião pra marcar uma data em um teatro da região (ainda não posso fazer propaganda, precisamos esperar agosto ;)) e momentaneamente “esqueci” de um assunto. A carteira de músico da OMB.
A OMB, pra quem não sabe, é a “Ordem” dos Músicos do Brasil. É basicamente um segundo ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de direitos autorais), outra sigla fantasma. Todo músico, pra tocar em público, teoricamente precisa de uma carteira da OMB.
Jobão, um compositor e músico daqui de Ipatinga, e meu amigo de infância, disse o seguinte quando mencionei a carteira da Ordem: “Ué, eu preciso de licença pra criar, agora?” Não pude responder. Afinal, são R$170 indo no vermelho anualmente por membro da banda. E não sei pra que serve essa Ordem. Ela não promove a música, não representa os músicos, não faz nem um festival. Qualquer DA de faculdade faz calouradas com BEM menos dinheiro que a OMB recebe. Eles não fazem nem um Festival da Canção, nada.
Agora, é aí que minha postagem de hoje encaixa. Se eu não preciso de diploma jornalístico e tampouco pertencer uma Ordem pra escrever, pra me “expressar livremente” através de texto… oras, isso não poderia gerar jurisprudência para o exercício da atividade musical, excluindo completamente a necessidade de uma carteira de músico? Afinal de contas, um show é uma expressão textual (letras) e audiovisual (música e performance). Isso não é reserva de mercado?
Claro que existe uma diferença básica entre diploma de música e carteira de músico. Então diríamos que a jurisprudência existiria caso se exigisse diploma de Música ou equivalente pra exercer a profissão de músico. Mas eu ainda acho esse argumento viável. Afinal, o representante da OMB vai até os shows e simplesmente impede as bandas de tocarem, se todos ou mesmo algum integrante não tiver carteira. Isso não é afronta à liberdade de expressão? Ou só seria caso as letras da banda fossem de cunho político e/ou contestador? 😉
Me vejo criticando a existência da OMB só pela ótica do Jornalismo, mas a criação de uma OJB não seria má coisa – obviamente, se fosse criada com um objetivo sério, difícil por aqui. Porque uma coisa a OMB tem de boa, e é o seu teste. Quem tem a carteira de músico pode dizer ao menos que tem conhecimentos musicais, coisa que nós jornalistas simplesmente não temos um teste que o valha. Assim como o teste da OAB, que previne que milhares de maus advogados possam exercer a profissão. E também pune os maus advogados ao cassar carteiras.
E no Jornalismo, como punir um repórter antiético? Como punir o jornalismo “investigativo” difamatório e enviesado? Não temos maneira. Afinal, tudo é liberdade de expressão. Mesmo a expressão com fins políticos e deliberadamente mentirosa.
Eu ainda estou esperando a Crise da Credibilidade Blogueira. Todo mundo gera informações? Gera. Mas quem apura? A maioria dos blogs inclui um “Via seilaoque.com”, e aí? Jornalista que é jornalista checa fontes. Blogueiro que é blogueiro checa cliques. Eu sempre fico com o pé atrás. E vocês deveriam também.